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Foto do escritorGilmar Dall'Agnol

A razão pela qual me tornei Advogado Criminalista

Embora nascido Gilmar Ricardo Gonçalves Dall'Agnol, intitulo-me através da economia linguística - obviamente mais simples de relembrar - em homenagem a meu falecido pai, esse sim, o legítimo Gilmar Dall'Agnol.


Hoje, o que vos trago é a resposta para um questionamento que recebo com demasiada frequência, qual a razão, o motivo plausível de ter me tornado advogado criminalista. Quase que unânime, a indagação sempre vem acompanhada de admoestações de perturbar o mais calmo dos homens. Tu defendes criminosos?! E se fosse um parente seu?! Seu dinheiro é sujo de sangue - afinal, e de quem não é?!


A resposta que apresento, contrária ao esperado e àquelas ensinadas nos cursos de direito, quase sempre surpreende o ouvinte. Por óbvio, o ouvinte está acostumado a ouvir o feijão com arroz, isto é, escolhi ser advogado criminalista por amor à liberdade e vice versa. Porém, os meus fatores intrínsecos são outros, são de ordem melancólica, que certamente despertam feixes de saudades quando ladeados.


Às vezes, surpreendo-me remoendo o passado, operações policiais calcadas em indícios débeis e frágeis; porém não frágeis eram suas consequências. Mandados de busca e apreensões, prisões preventivas, entradas forçadas a domicílio, cadeia, visitas e etc. A miséria do processo penal legitimada por um impelido "poder de punir".


Meu dever é contestado e desprezado pelo suposto homem acurado; porém admirado pelo enfermo. No mais, em um nação constituída como um Estado Democrático de Direito, a presunção de inocência, o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, a fundamentação das decisões sempre serão garantias ao acusado. O anseio pela punição jamais deverá ultrapassar a dignidade da pessoa humana.


E se hoje, Gilmar Dall'Agnol aqui estivesse, com certeza haveria de me repreender, porém, para minha quietude, seu descendente não pratica o ilícito, tão somente o defende.


* Na capa da presente publicação, Don Corleone e Tom Hagen, uma das cenas clássicas do filme "O Poderoso Chefão". Hagen, advogado criminalista e consigliere de Corleone, sua pessoa de confiança e lealdade inestimável.


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